O jornalista Lúcio Flávio Pinto
publicou uma carta aberta assinada pelo sociólogo Guilherme
Carvalho, endereçada ao governador Simão Jatene.
Carvalho e seus dois filhos já
foram vítimas de 12 (!) assaltos. Abaixo, transcrevo a carta:
“Ontem ao final da partida entre o Remo e o Cametá, meu filho mais novo foi vítima do sexto assalto em Belém, numa parada de ônibus bem perto do estádio. Quatro bandidos trasvestidos de torcedores lhe deram uma gravata, prenderam suas mãos enquanto um deles fazia o chamado “baculejo”. A namorada que estava ao lado e ia pela primeira vez ao estádio ficou apavorada. Meu filho mais velho já foi vítima de outros cinco e eu sofri um. Ou seja, nós três juntos carregamos a marca de doze (DOZE) assaltos.
Sr. Simão Jatene, imagine a dor e angústia que a violência contra esses jovens provocam em mim e na mãe deles. Nós, mais milhares de outros pais, temos verdadeiro pavor de nossos filhos e filhas irem às ruas para se divertir. Trabalhadores e trabalhadoras também não sabem se voltarão ao final do dia para as suas casas, sejam eles motoristas e cobradores de ônibus, policiais, professores (as) e outros (as). Somos reféns do medo e da sua profunda INCOMPETÊNCIA.
Policiais honestos (as) colocam suas vidas em risco para ganhar uma miséria de salário, tendo suas famílias ameaçadas por bandidos. Política de segurança pública no Pará significa na maioria das vezes compra de viaturas. Simples assim. Aliás, há política de segurança pública no Pará?
Sr. Governador, por falar nisso, em que pé está o aluguel de dezenas de viaturas que havia sido feito pelo senhor com a empresa Delta, profundamente envolvida nos esquemas de corrupção de Carlinhos Cachoeira? Por que o silêncio do seu governo?
Quem vai ao estádio vê brutalidade por parte de maus policiais, tortura mesmo, a livre ação de bandidos etc. Depois desse último assalto meu filho já disse não querer ir mais ao estádio. Culpa da sua INCOMPETÊNCIA!
Não vale jogar a culpa nos outros, senhor governador. O senhor e seu grupo político estão no poder desde 1995, com exceção dos quatro anos de Ana Julia. Os indicadores sociais do Pará são péssimos (posso lhe passar os números se quiser). O senhor e seu partido recentemente apoiaram um golpe de Estado.
Enquanto o Pará cai pelas tabelas, o senhor beneficia uma única empresa com isenções que, ao final, significará uma perda de receitas de mais de R$ 7 bilhões. Até parece que a educação e saúde estão ótimas no nosso Estado. Aliás, o senhor vai fechar dezenas de escolas públicas e se prepara para privatizar a Cosanpa, tal como fez com a Celpa, que até hoje não sabemos realmente o que foi feito do dinheiro apurado. Outra lembrança me ocorre: E o seu envolvimento com o escândalo da CERPASA? Vamos conversar sobre isso?
O senhor que arrota números com tanta facilidade não consegue esconder o óbvio: O seu governo é uma ENGANAÇÃO. É INCOMPETENTE. É, enfim, produto da mídia.
Para completar, seu pupilo no comando da prefeitura, que já teve pedido de cassação devidamente solicitado pelo Ministério Público, é outro INCOMPETENTE. Belém está abandonada, às escuras, com crateras na maioria das ruas, bairros inteiros sofrendo enchentes a cada chuva, periferias entregues à própria sorte. Jovens negros sendo assassinados a cada semana.
Meu filho não irá mais ao estádio. Eu mesmo não vou há anos e vou fazer de tudo para o que o mais velho evite também. Já o seu filho, recentemente preso por supostamente estar envolvido num mega-esquema de corrupção e rapidamente solto, não deve sofrer qualquer problema com segurança.
Obrigado, senhor governador. Sua INCOMPETÊNCIA venceu.”
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