domingo, 18 de abril de 2010

Usina de Belo Monte divide até tribo de índios no Pará

Protegida pelas águas turvas do Rio Xingu e por frondosas árvores nativas da Amazônia, a pequena aldeia Paquiçamba, dos índios juruna, é o retrato fiel do dilema que atinge o oeste do Pará.
A tribo, de 83 pessoas, decidiu se separar fisicamente por causa de divergências sobre o projeto da Hidrelétrica de Belo Monte, prevista para ser leiloada terça-feira.
Metade da aldeia, inclusive o cacique Manuel, de 70 anos, vê com bons olhos a construção da usina, de 11.233 megawatts (MW). A outra ala, um pouco mais jovem, não pode nem ouvir falar do empreendimento, que custará R$ 19 bilhões.
A briga começou quando o cacique, que no passado discordava do projeto, decidiu apoiar publicamente a hidrelétrica, sem consultar os demais integrantes da tribo, conta Ozimar Juruna, de 41 anos, contrário à construção.
- Ele ficou iludido com as promessas feitas pelas empresas (responsáveis pelo projeto). Nós, que sabemos ler e falar português entendeu que a obra será um desastre para a aldeia.
Quinze famílias devem acompanhar o novo grupo, que terá outro cacique no comando. Será Giliarde, o sobrinho do atual chefe da tribo. No dia em que a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo visitou Paquiçamba, o cacique Manuel estava fora, colhendo castanhas na mata. Mas, com tanta polêmica, seu genro Claudio resolveu amenizar o discurso do sogro: "Ele não é contra nem a favor".

LOCALIZAÇÃO

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