Na segunda-feira, de forma discreta, o
prefeito Eduardo Paes postou uma imagem que dizia: “Esta pessoa apoia a escola
em tempo integral” em sua página pessoal no Facebook. De lá para cá, somente
publicações sobre inaugurações de colégios apareceram em seu mural. Por trás
das comedidas postagens, há um ousado projeto que prevê a construção de 331
escolas em tempo integral até 2016. O número é mais do que o triplo dos 101
Cieps feitos pelo ex-governador Leonel Brizola.
'É um mudança de
paradigma. O projeto acompanha os países desenvolvidos. Não é só a construção
de escolas. É uma reorganização da rede', afirma Helena Bomeny, secretária
municipal de Educação.
A meta da prefeitura
é ter 35% dos estudantes com sete horas diárias de aula até 2016, e em toda a
rede até 2020. Atualmente, o percentual é de 21%. O projeto prevê uma nova
distribuição dos segmentos das escolas com a inclusão das novas unidades. Cada
uma das escolas atenderá somente a um segmento. Para isso, será dividido em
Espaço de Desenvolvimento Estudantil-EDI (creche e pré-escola), Primário (do 1º
ano ao 6º ano) ou Ginásio (do 7º ano ao 9º ano).
'Isso mudará a
dinâmica. Os EDIs devem ficar mais próximos das casas, já que suas crianças
serão pequenas. Então, haverá uma interiorização deste segmento. Já no Ginásio,
o aluno é mais velho e, por isso, essas unidades devem ficar em regiões mais
centralizadas', afirma Helena Bomeny.
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Os professores
dessas unidades terão uma carga de 40 horas semanais para ficarem dedicados
exclusivamente ao colégio. Nesse sentido, a secretaria afirma que novos
concursos devem ser feitos, mas, principalmente, deverá ocorrer uma migração
entre os profissionais que já atuam.
'Estamos abrindo
editais para que professores da rede, com carga de 16 horas, por exemplo,
possam migrar para 40 horas. Não é obrigatório, mas achamos que é melhor para o
profissional e para a escola', afirma a secretaria.
A expansão em ritmo
acelerado só pode ser feita devido às Fábricas de Escolas do Amanhã, que conseguem
construir os colégios em larga escala por meio de módulos. As unidades também
contarão com painéis termoacústicos, estrutura metálica e climatização.
'Além disso, o
professor passará por uma escola de formação antes de entrar em sala.
Percebemos que o profissional que se forma na universidade e já entra para dar
aula não está acostumado com o chão da escola', diz Helena Bonemy.
O ousado projeto da
prefeitura é visto com restrições pela professora Regina de Assis,
ex-secretária da mesma pasta durante a gestão Cesar Maia.
'É uma
irresponsabilidade. Além de demonstrar uma falta de planejamento, porque o
impacto financeiro será muito grande, ele é errado em sua concepção. — afirma
Regina'. O filho da classe média não fica o tempo todo na escola. Ele depois
tem outras atividades. A secretaria de Educação não deve obrigar o aluno a
ficar no colégio tendo aula. Ela deve criar parcerias para que ele também possa
ter outras atividades no contraturno. Se perguntarem à sociedade se quer mais
escola ou prefere que as que existem funcionem bem, ela vai querer a segunda
opção.