sábado, 30 de maio de 2015

Prefeitura do Rio quer ensino o dia todo na rede até 2020


Na segunda-feira, de forma discreta, o prefeito Eduardo Paes postou uma imagem que dizia: “Esta pessoa apoia a escola em tempo integral” em sua página pessoal no Facebook. De lá para cá, somente publicações sobre inaugurações de colégios apareceram em seu mural. Por trás das comedidas postagens, há um ousado projeto que prevê a construção de 331 escolas em tempo integral até 2016. O número é mais do que o triplo dos 101 Cieps feitos pelo ex-governador Leonel Brizola.
'É um mudança de paradigma. O projeto acompanha os países desenvolvidos. Não é só a construção de escolas. É uma reorganização da rede', afirma Helena Bomeny, secretária municipal de Educação.
A meta da prefeitura é ter 35% dos estudantes com sete horas diárias de aula até 2016, e em toda a rede até 2020. Atualmente, o percentual é de 21%. O projeto prevê uma nova distribuição dos segmentos das escolas com a inclusão das novas unidades. Cada uma das escolas atenderá somente a um segmento. Para isso, será dividido em Espaço de Desenvolvimento Estudantil-EDI (creche e pré-escola), Primário (do 1º ano ao 6º ano) ou Ginásio (do 7º ano ao 9º ano).
'Isso mudará a dinâmica. Os EDIs devem ficar mais próximos das casas, já que suas crianças serão pequenas. Então, haverá uma interiorização deste segmento. Já no Ginásio, o aluno é mais velho e, por isso, essas unidades devem ficar em regiões mais centralizadas', afirma Helena Bomeny.
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Os professores dessas unidades terão uma carga de 40 horas semanais para ficarem dedicados exclusivamente ao colégio. Nesse sentido, a secretaria afirma que novos concursos devem ser feitos, mas, principalmente, deverá ocorrer uma migração entre os profissionais que já atuam.
'Estamos abrindo editais para que professores da rede, com carga de 16 horas, por exemplo, possam migrar para 40 horas. Não é obrigatório, mas achamos que é melhor para o profissional e para a escola', afirma a secretaria.
A expansão em ritmo acelerado só pode ser feita devido às Fábricas de Escolas do Amanhã, que conseguem construir os colégios em larga escala por meio de módulos. As unidades também contarão com painéis termoacústicos, estrutura metálica e climatização.
'Além disso, o professor passará por uma escola de formação antes de entrar em sala. Percebemos que o profissional que se forma na universidade e já entra para dar aula não está acostumado com o chão da escola', diz Helena Bonemy.
O ousado projeto da prefeitura é visto com restrições pela professora Regina de Assis, ex-secretária da mesma pasta durante a gestão Cesar Maia.
'É uma irresponsabilidade. Além de demonstrar uma falta de planejamento, porque o impacto financeiro será muito grande, ele é errado em sua concepção. — afirma Regina'. O filho da classe média não fica o tempo todo na escola. Ele depois tem outras atividades. A secretaria de Educação não deve obrigar o aluno a ficar no colégio tendo aula. Ela deve criar parcerias para que ele também possa ter outras atividades no contraturno. Se perguntarem à sociedade se quer mais escola ou prefere que as que existem funcionem bem, ela vai querer a segunda opção.


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